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A EDUCAÇÃO POSITIVA COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO



Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título especialista em PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL

Orientador:


Autora: Dênia Virginia Fonseca1

1Psicóloga Clínica, deniavfonseca@gmail.com;


RESUMO- Este trabalho visa ampliar discussões e estudos acerca Educação Positiva nos sistemas de ensinos nacionais. Pesquisas apontam para as deficiências do sistema educacional brasileiro principalmente no que tange o desenvolvimento integral do sujeito. Entendendo que educação é direito de todos, devendo por lei, desenvolver o individuo de forma plena, preparando-o para o mercado de trabalho e para o exercício da cidadania. Estudos demonstram que a escola é o meio ideal para difusão da cultura do bem-estar, por trabalhar com diversas idades e atingir com isso uma grande parte da população. A Educação Positiva surge da associação das teorias da Psicologia Positiva e da Inteligência Emocional com o objetivo de desenvolver competências chave para a vida dos estudantes. Uma série de programas vem sendo criados com o intuito de aplicar a Psicologia Positiva nas instituições de ensino e de forma exitosa conseguiram melhorar significativamente o bem-estar subjetivo de toda a comunidade escolar. A partir desta perspectiva e utilizando-se de um levantamento bibliográfico e documental de caráter exploratório, este estudo pretende fazer resgate histórico da Educação Positiva no mundo e no contexto nacional. Como estudo de caso, o texto descreve o Programa “Aulas Felizes” desenvolvido pela equipe SATI, Grupo de Trabalho de Professores e Recursos “Juan de Lanuza” da cidade de Zaragoza, Espanha.





INTRODUÇÃO


As escolas de ensino fundamental e básico são essenciais na formação das crianças e dos adolescentes. Engana-se quem pensa que o papel da escola está restrito à transmissão de conteúdos. Olhando por um lado tradicional, hoje existem diversos sistemas educacionais, onde, cada um a seu modo tenta trabalhar diferentes ferramentas de ensino. Em uma abordagem moderna, diversos aspectos extracurriculares devem ser trabalhados na construção da personalidade do ser humano.

Por um lado, estamos cercados de notícias sobre violência nas escolas contra colegas de classe, professores e funcionários. Por outro, observamos relatos de jovens cada vez mais desinteressados no estudo, tristes, com comportamentos agressivos, autoflagelantes e até mesmo suicidas. Em estudo recente publicado pelo SEMESP (sindicato das Mantenedoras do Ensino Superior do Estado de São Paulo), cada vez menos jovens têm prestado as provas do ENEM. Somente entre 2016 e 2018 a queda foi de 27,04%, quase 3 milhões de jovem a menos, se comparado a 2016 (Mapa do Ensino Superior, SEMESP, 2019, p.23). O próprio Censo Escolar de 2018 revela queda de 4,9% do número de matrículas no ensino fundamental em 2018 se comparado a 2014. Já o ensino médio registro queda de 7,11% entre 2018 e 2017. (https://brasilescola.uol.com.br/noticias/censo-escolar-2018-matriculas-educacao-basica-caem-13-milh%C3%A3o-2014/3123897.html)

Mas, será que a escola pode intervir nessa realidade? Certamente que sim, mas o que se observa é o combate ao mau comportamento e pouquíssimos programas que promovam de forma organizada o bem-estar e a valorização à vida. Muitos programas combatem a evasão, o mau desempenho escolar, bullying entre outras disfunções como transtornos de ansiedade, depressão e falta de sentido na vda.

Ao direcionar o foco aos aspectos negativos que envolvem a educação, a escola desenvolve programas para combater as consequências e não as causas de tais disfunções de aprendizado e de comportamento. Focar nos aspectos negativos acaba por direcionar a ações corretivas, que via de regra são punitivas, implicando no aumento das demandas por laudos e medicações.

Entretanto, existem abordagens recentes que estão se dedicando ao desenvolvimento e ao comportamento positivo de indivíduos e instituições, tendo como foco o ser humano e seu papel social. No final dos anos noventa começou a surgiram as teorias, da Psicologia Positiva e da Inteligência Emocional propondo um olhar direcionado, aos aspectos humanos e sociais que promovam o bem-estar psicológico e físico dos alunos e professores. Desse modo, a Educação Positiva se tornou o meio pelo qual estas teorias foram difundidas, com o proposito de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar subjetivo a partir de uma rigorosa metodologia científica.

A partir desta perspectiva e utilizando-se de um levantamento bibliográfico e documental de caráter exploratório, este estudo pretende fazer um resgate histórico da Educação Positiva no mundo e suas possíveis aplicações no contexto nacional. Como estudo de caso, o texto descreve o Programa “Aulas Felizes” desenvolvido pela equipe SATI, Grupo de Trabalho de Professores e Recursos “Juan de Lanuza” da cidade de Zaragoza, Espanha.

Neste sentido é de suma importância, desenvolver caminhos que levem ao desenvolvimento do ser humano no que tange a prevenção e promoção do bem-estar subjetivo em um processo que envolva alunos, pais, professores, funcionários e sociedade como um todo.





FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA - Psicologia Positiva


A célula originária da Psicologia Positiva foi em 1997 quando Mihaly Csikszentmihalyi e Martin Seligman conversavam sobre a atuação da Psicologia sobre fenômenos meramente patológicos. De maneira geral, ao fazer isso a Psicologia Tradicional ignorava completamente o comportamento positivo e suas vertentes. No ano 2000 ocorreu a publicação de uma edição especial da American Psychologist dedicada exclusivamente à Psicologia Positiva, onde introduziram a semente oficial da Psicologia Positiva e sua aplicação em indivíduos, grupos e instituições (CINTRA e GUERRA, 2017).

Importante ressaltar que a Psicologia Positiva não se opõe ou ignora a Psicologia Tradicional, mas, propõe uma abordagem desfocada dos aspectos negativos e ancorada na positividade da experiência humana. De acordo com Seligman (2011), “O objetivo da Psicologia Positiva é aumentar a quantidade de felicidade na vida das pessoas e no planeta” (p. 37).

Neste sentido, as pesquisas que englobam emoções positivas e características individuais positivas de pessoas e instituições e os motivos que fazem com que a vida valha à pena, estão sob égide da Psicologia Positiva (BISQUERRA, 2017). Assim, todas essas pesquisas acabaram por moldar a sua definição como um estudo de experiências positivas do ser humano, suas causas e condições de surgimento de forma a contribuir ao Florescimento (do inglês Flourishing) de indivíduos, grupos ou instituições (CINTRA e GUERRA, 2017).

Ao levar uma vida regada a bem-estar psicológico, pode-se afirmar que o indivíduo está Florescendo. De maneira geral, quando as emoções positivas superam as negativas e os propósitos são bem definidos, vemos um individuo em pleno florescer da vida (SELIGMAN, 2011).

De maneira mais profunda, Seligman (2011, p.35) propõe o Modelo PERMA para explicar a teoria do bem-estar. Assim o Florescimento possui cinco elementos que são mensuráveis que são sustentados pelo emprego das 24 forças pessoais. São eles: Emoções positivas, que envolvem especialmente: as emoções positivas (vida agradável); engajamento positivo (vida comprometida); relacionamentos positivos (habilidades sociais); sentido (vida significativa) e realização (conquitas) (RODRIGUES, 2015).

O Florescimento ainda conta com resiliência, otimismo, flow quando sustentados por forças pessoais e de caráter do indivíduo (CINTRA e GUERRA, 2017). Quem está no processo de florescimento, aprende de forma eficaz, trabalha de maneira produtiva, têm melhores relações sociais e contribuem mais com a sociedade (BISQUERRA, 2011).

Os estudos das virtudes e forças pessoas que Seligman e Peterson conduziram a uma lista de 24 forças pessoais distribuídas em seis grupos de virtudes: Sabedoria (criatividade, curiosidade, critério/pensamento crítico, amor pelo aprendizado e perspectiva); Coragem (autenticidade, bravura, persistência e entusiasmo); Humanidade e amor (bondade, Amor, inteligência social e emocional); Temperança (perdão, modéstia, prudência e autoregulação); Transcendência (apreciação da beleza e da excelência, gratidão, esperança e otimismo, humor, Espiritualidade) (NIEMIEC, 2018; RODRIGUES, 2015, p. 72).

Tendo em vista todos os aspectos apresentados, a Psicologia Positiva continua em desenvolvimento por meio da aplicação em várias áreas, em especial nas instituições de ensino.




Educação Positiva


Quase uma década após o aparecimento da Psicologia Positiva, surgiu, em 2008, o termo Educação Positiva durante um encontro da equipe do Geelong Grammar School (GSC), uma escola na Austrália pioneira em aplicar a Psicologia Positiva em uma escola. a Educação Positiva é a aplicação da Psicologia Positiva nas escolas para estimular e apoiar o florescimento dos alunos e das instituições (CINTRA e GUERRA, 2017).

A Educação Positiva estabelece que as habilidades para o bem-estar também podem ser ensinadas nas instituições de ensino de forma concomitante às tradicionais habilidades de qualificação (BISQUERRA, 2011). Dessa forma, uma importante via do autoconhecimento é trilhada junto com o aprendizado.

Nas últimas décadas, e em especial após 2010, estudos nos mais diversos países apontam aumento nos índices de depressão, distúrbios alimentares, ansiedade, abuso de substâncias ilícitas. Em decorrência disso, houve uma queda nos níveis de felicidade (SELIGMAN, 2011). As escolas tradicionais com seus modelos de ensino não estão preparadas para enfrentar de forma positiva esse cenário, uma vez que na ponta seguem uma cartilha pouco inovadora e presa aos velhos modelos (SGORLA e NICODEM, 2018).

Pesquisas também revelam que o aumento do bem-estar está relacionado com melhorias no desempenho acadêmico (RODRIGUES, 2015). Além disso, o bem-estar tem papel fundamental na prevenção da depressão (SELIGMAN, 2011). Portanto, consideramos que o bem-estar deveria ser ensinado por pelo menos três motivos: prevenção à depressão, melhoria do sentido da vida e melhor aprendizagem e pensamento criativo (SGORLA e NICODEM, 2018).

Segundo Bisquerra e Hernández (2017) as metas educacionais e seus modelos devem ser revistos e ajustados a essa abordagem da Educação Emocional. Considerada por Bisquerra (2011) como uma inovação educativa que responde as necessidades sociais não atendidas pelas disciplinas tradicionais, a Educação Emocional é o desenvolvimento de competências emocionais como: consciência emocional, regulação emocional, autogestão, inteligência interpessoal, habilidades de vida e bem-estar.

Concluindo, as escolas precisam assumir novos papeis que vão além da formação conteudista acadêmica e se preparar para formar crianças e jovens capazes de agir de forma positiva frente aos problemas e ao sentido da vida. (BISQUERRA, 2011).


Educação Positiva Breve Histórico


Algumas perguntas agora podem ser feitas. Existia algo antes da Educação Positiva que era considerado um tema complementar à formação tradicional? Como tem sido aplicada a Educação Positiva na Educação? Quais são seus resultados?

Segundo Cintra e Guerra (2017), nos anos 70 começaram as primeiras abordagens com o intuito de trabalhar a autoestima dos alunos. Quase vinte anos depois, no início dos anos 90 o foco eram as habilidades sociais e somente no século 21 é que se pode observar programas com foco na resiliência. Depois surgiram os estudos sobre bullying. Aprendizagem social e emocional e bem-estar do estudante (CINTRA e GUERRA, 2017).

Os estudos iniciais das intervenções baseadas na Psicologia Positiva se concentraram em crianças e jovens. Os resultados foram colocados em prática como nos programas Penn Resiliency Program e o Strath Haven Positive Psychology Curriculum (SELIGMAN, 2011).

O Strath Haven Positive Psychology Curriculum tem o objetivo de desenvolver forças de caráter, relações de apoio, sentidos da vida, positivar as emoções. O programa é desenvolvido na Universidade da Pensilvânia (SGORLA e NICODEM, 2018).

O Penn Resiliency Program (PRP), também criado na universidade da Pensilvânia, é destinado a adolescentes oferece lições cognitivas-comportamentais que objetivam o desenvolvimento da resiliência, bem-estar e habilidades sociais/emocionais (SELIGMAN, 2011).

Os dois programas são suporte ao processo de ensino do bem-estar nas escolas. O PRP, por exemplo, é um dos programas mais pesquisados sobre depressão e seus resultados indicaram a sua eficácia na prevenção do suicídio, redução da ansiedade, aumento do otimismo, melhora comportamental em relação à saúde, isso em mais de 20 anos de observação.

Essa ideia inovadora de se ensinar bem-estar chamou a atenção da escola Geelong Grammar School (GGS), localizada na cidade de Corio, na Austrália, hoje considerada o maior internato e externato australiano. Seus diretores, interessados em novas ideias e novos modos de ensinar que ajudassem os jovens a se desenvolver em uma sociedade cada vez mais complexa, foram convencidos pelos resultados alcançados pelo PRP e pelo Strath Haven Positive Psychology Curriculum que as habilidades de bem-estar podiam ser ensinadas, e que pessoas de todas as idades podiam aprendê-las, de modo a controlar melhor suas emoções e promover seu autoconhecimento e o autoconhecimento dos outros (NORRISH, 2015 apud SGORLA e NICODEM, 2018).


Atualmente existem outros programas de Educação Positiva que são acompanhados por pesquisas em diversos outros países, corroborando os benefícos potencias da incorporação da educação positiva no currículo escolar. Alguns se destacam, e servem de referencia, são eles: Bounce Back!, o programa Making Hope, Happen for Kids, o Strengths Gym, o PROSPER e Programa Aulas Felices, também, vem crescendo o número de programas que implementam praticas contemplativas – como a atenção plena (mindfulness) nas escolas (CINTRA e GUERRA, 2017).

Segundo Cintra e Guerra (2017), a intervenção da psicologia positiva pode ser implícita ou explícita. A forma implícita ocorre por meio da aplicação da Psicologia Positiva de forma ampla na instituição, enquanto na forma explícita as intervenções ocorrem por meio de intervenções em programas estruturados com foco em um ou mais temas. A maioria da prática nas escolas se concentra nessa última abordagem.

Para Seligman (2011), a eficácia dos programas está relacionada a intervenção que envolva uma ampla intervenção na escola por inteiro e não apenas nas salas de aula individuais. Dessa forma, para Bisquerra e Paniello (2017) é fundamental que pais e professores pratiquem as habilidades derivadas das Psicologia Positiva em suas vidas pessoais, bem como em seus papeis de educadores permitindo transmitir seus conhecimentos de forma direta e indiretamente aos alunos por meio da modelagem de papeis.

Estudos afirmam que quando professores e funcionários da escola têm níveis elevados de bem-estar social e emocional, isso tem uma influência positiva também nos estudantes (SELIGMAN, 2011).


Educação Positiva na prática


A abordagem implícita, no sentido mais amplo, tem que trabalhar todo currículo e os relacionamentos no ambiente escolar na direção do bem-estar social. Para tantos os professores devem ser treinados para ensinar as habilidades da Psicologia positiva (SGORLA e NICODEM, 2018). Os princípios da Psicologia Positiva devem estar integrados ao currículo das escolas. Por último, os professores e funcionários estejam aptos a vivenciar os princípios da Psicologia Positiva (SELIGMAN, 2011).

Desse modo, os professores e funcionários têm que ter domínio das habilidades de bem-estar nas suas atividades. Inicialmente professores e funcionários sentem a psicologia positiva no ambiente para que possa ser repassada de forma genuína aos alunos (SELIGMAN, 2011).

Para completar essa abordagem, a GGS também criou um curso para pais e familiares, assim, todas as pontas do processo ficam conectadas (Norrish, 2015). O modelo da GGS desde o início era aplicação da Educação Positiva em toda comunidade escolar. Assim, o modelo aplicado pela GGS foca em seis pontos: bem-estar, emoções positivas, realização positiva, propósito positivo, engajamento positivo, relacionamento positivo e saúde positiva (SELIGMAN, 2011). Tudo deve ser moldado pelas forças de caráter e florescimento, segue uma pequena descrição de cada um dos itens:

Emoções positivas: Promover em todos os agentes do processo de ensino-aprendizagem ferramentas para uma melhor compreensão das emoções pessoais ou de outros, sejam elas positivas ou negativas, para que sejam compreendidas como parte da vida de maneira a preservar e priorizar as emoções positivas.

Realização positiva: está focada em metas a serem alcançadas dentro e fora da escola. Essas metas objetivam promover benefícios e o desenvolvimento pessoal na busca de resultados expressivos.

Engajamento positivo: Experienciar uma imersão completa nas atividades escolares de forma a evidenciar o bem-estar. Esse processo visa estimular a motivação dentro e fora do ambiente escolar, como se todas as peças se encaixassem em fluxo contínuo.

Propósito positivo. Tem foco em ações altruístas em relação à comunidade e ao próximo. As ações nesse sentido visam compreender, servir, acreditar e se engajar em direção ao próximo (Norrish, 2015, p. 34).

Relacionamentos Positivos. Trabalha as relações para que sejam benéficas e significativas a ambas as partes, de forma a criar a cultura do cuidado baseado em valores subjetivos, como perdão e bondade (Gable & Reis, 2010; Seligman, 2011).

Saúde positiva: Visa buscar e oferecer aos membros da comunidade escolar o desenvolvimento ações que propiciem a saúde física e psicológica, tais como programa de exercícios físicos, mindfullness e resiliência (Norrish, 2015).

Esses seis pontos apresentados são integrados na escola em quatro áreas: aprender, ensinar, viver e integrar. Todos os envolvidos professores, estudantes, funcionários e familiares aprendem os princípios da Psicologia Positiva por meio da Educação Positiva aplicada.





O Programa Aulas Felizes


O programa “Aulas Felices” surgiu pela necessidade de difundir entre os professores as contribuições atuais da Psicologia Positiva que oferece extraordinárias possibilidades para renovar a prática educativa espanhola (REY at el. 2012).

Os autores da obra constituem a equipe SATI, Grupo de Trabalho de Professores e Recursos “Juan de Lanuza” da cidade de Zaragoza, Espanha. Segundo os autores, no país existia uma carência de publicações úteis para aplicar a teoria ao alunos de todas as idades (REY at el. 2012; BISQUERRA e PANIELLO, 2017).

Neste sentido, o programa foi desenvolvido com o propósito de facilitar a máxima difusão da obra, a sua primeira edição de outubro de 2010, foi publicada na internet e disponibilizada gratuitamente. A segunda edição em novembro de 2012, contou com versão impressa, em inglês, e também está disponível para baixar no site http://educaposit.blogspot.com. A nova versão conta com referencial teórico e com 321 atividades para se trabalhar em aulas (REY at el. 2012). (https://www.educacion.navarra.es/documents/27590/203401/Aulas+felices+documentaci%C3%B3n.pdf/3980650d-c22a-48f8-89fc-095acd1faa1b )


Dessa forma, segundo Rey et. al. (2012) a obra buscou preencher o vazio oferecendo aos professores um manual que permita conhecer os fundamentos desta corrente teórica e também facilitar estratégias e propostas de atividades que podem ser usadas nas aulas com alunos de 3 à 18 anos.


Segundo Bisquerra e Paniello (2017), atualmente o programa já é utilizado em pelo menos 100 centros educacionais, além de ser leitura recomendada em programas universitários, de mestrado e doutorado de diversas universidades espanholas e estrangeiras.

A equipe SATI utiliza como modelo de bem-estar para o programa, o já mencionado modelo PERMA descrito por Seligman. Dessa forma, as atividades foram elaboradas visando contribuir para vivencia das forças pessoas em um estado de serenidade que ajude o sujeito a encontrar satisfação com a vida (BISQUERRA e PANIELLO, 2017).


Conforme Bisquerra e Paniello (2017) as características básicas do programa contam com: 1) Um modelo integral que permite potenciar de desenvolvimento pessoal e social dos alunos. 2) Unificação das estrutura de trabalho relacionadas a educação com valores e competências chave para o desenvolvimento pessoal, social e o aprender a aprender. 3) Um conjunto de recursos amplos e flexíveis aplicáveis com alunos de 3 a 18 anos, com possibilidade de aplicar a todas as áreas e em todas as situações escolares. 4) Tem dois eixos relevantes da psicologia positiva, a atenção plena e as 24 forças pessoais, sempre com o objetivo de ajudar os alunos a serem autônomos e mais capazes de se desenvolver no mundo que os rodeia mais felizes.


Rey et al. (2013) afirmam que as atividades do programa são acompanhadas de uma serie de estratégias de intervenção que se complementam, para criar um ambiente positivo na escola (propostas globais). Lembra também da importância do papel dos adultos como modelo de referencia concreta no trabalho das forças pessoais. As atitudes dos professores são fundamentais para criar condições de aprendizagem, para colocar em prática as estratégias metodológicas eficazes ao aprender, que potencializam o bem-estar nos alunos.


As propostas específicas se tratam de uma gama de atividades personalizadas para cada classe de alunos e podem ser aplicadas por professores, pedagogos, supervisores e etc (BISQUERRA e PANIELLO, 2017). Rey et al. (2013) aconselha, eleger uma ou mais forças pessoas para facilitar o planejamento das atividades sem saturar, mas no entanto, fazendo dos princípios da psicologia positiva uma constante que inunde o trabalho em sala de aula.


CONCLUSÃO


Em síntese podemos afirmar que a educação é muito mais que a instrução de conteúdos acadêmicos tradicionais. Uma educação de qualidade deve impulsionar o desenvolvimento cognitivo e também promover o bem-estar pessoal e social.

Desse modo o programa Aulas felizes é compatível com a demanda contemporânea de desenvolver a criança de modo torna-las autônomas, independentes, inteligentes emocionalmente, com consciência ecológica e social.

É fundamental que estes programas deixem de ser apenas propostas teóricas e passar a fazer parte do cotidiano das escolas.



REFERÊNCIAS


BISQUERRA, R.; (Coord.). Educação Emocional. Propostas para educadores e famílias. Desclée de Brouwer: Bilbau, Espanha: 2011. (Em espanhol) Disponível em: http://otrasvoceseneducacion.org/wp-content/uploads/2019/04/Educaci%C3%B3n-Emocional.-Propuestas-para-educadores-y-familias-Rafael-Bisquerra-Alzina-2.pdf. Acesso em: 31 ago. 2019.


BISQUERRA, R.; PANIELLO, S. H. Psicologia Positiva, Educação Emocional e o Programa Aulas Felizes. Papéis do psicólogo, 2017, 38, 58–65. (Em espanhol) Disponível em: http://www.papelesdelpsicologo.es/pdf/2822.pdf. Acesso em: 31 ago. 2019.


CINTRA, Clarisse Lourenço; GUERRA, Valeschka Martins. Educação Positiva: A aplicação da Psicologia Positiva a instituições educacionais. Psicol. Esc. Educ., Maringá, v. 21, n. 3, p. 505-514, Dec. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572017000300505&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 31 ago. 2019.


MARTÍN, R.P. Psicología Positiva em la Escuela: Um Cambio com Raíces Profundas. Psychologit Papers. Madri. Espanha: 2017. Vol. 38(1), p. 66-71 Disponível em: http://www.papelesdelpsicologo.es/pdf/2823.pdf. Acesso em: 31 ago. 2019.


NIEMIEC, R.M. Fortalezas de Carácter: Guía de Intervención. Dra. Ana Natalia Scubert Ravelo (Traducción), Manual Moderno. Spanish Edition. 2018


PUREZA, Juliana da Rosa et al . Psicologia positiva no Brasil: uma revisão sistemática da literatura. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 8, n. 2, p. 109-117, dez. 2012. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872012000200006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 31 ago. 2019.


REY, R.A. et al. Programa “Aulas Felices”: Psicología Positiva aplicada a la Educación. 2. Ed.. Educacion Navarra. Zaragoza: 2013 Disponível em: http://educaposit.blogspot.com/. Acesso em: 10 ago. 2019.


RODRIGUES, Miriam. Educação Emocional positiva: saber lidar com as emoções é uma importante lição. ed. rev. amp. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2015.


SELIGMAN, Martin. E. P. Florescer: Uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.


SGORLA, K.; NICODEM, M.F.M. Educação Positiva: o Ensino do Bem-Estar e Suas Implicações Emocionais e Cognitivas. Pleiade, v. 12, n. 26, p. 42-59, Jul/Dez. 2018. Disponível em: file:///C:/Users/cliente/Downloads/488-Texto%20do%20artigo-1576-1-10-20190612%20(2).pdf. Acesso em: 31 ago. 2019.



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